quinta-feira, 15 de março de 2018

Relatório de painel internacional pede ‘mudança fundamental’ na gestão da água

Mais de 2 bilhões de pessoas são obrigadas a beber água insegura
Foto: Imal Hashemi/Taimani Films/Banco Mundial

Em meio ao perigo que representa a crescente escassez de água em todo o mundo, um painel de 11 chefes de Estado e um assessor especial estabelecido pela ONU e pelo Banco Mundial lançou nesta quarta-feira (14) um relatório e uma carta aberta denominados “Faça cada gota contar: uma agenda de ação pela água”.

A publicação pede uma “mudança fundamental” na forma como o mundo administra a água. Sem uma melhor gestão deste valioso recurso natural, afirmam seus autores, não será possível cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – particularmente o Objetivo seis, que visa assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos.

De acordo com o relatório, 40% das pessoas em todo o mundo estão sendo afetadas pela escassez de água. Se o problema não for solucionado, cerca de 700 milhões de pessoas poderiam ser deslocadas até 2030 em busca de água.

Mais de 2 bilhões de pessoas são obrigadas a beber água insegura e mais de 4,5 bilhões não possuem serviços de saneamento gerenciados de forma segura.

O relatório mostra que mulheres e meninas sofrem desproporcionalmente quando falta água e saneamento, afetando a saúde e muitas vezes restringindo as oportunidades de trabalho e educação.

Cerca de 80% das águas residuais são descarregadas sem tratamento no ambiente. Além disso, catástrofes relacionadas à água representam 90% entre as 1 mil catástrofes naturais mais devastadoras desde 1990.

“É minha profunda convicção que a água é uma questão de vida e morte”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, ao receber o relatório na quarta-feira (14), observando que 60% do corpo humano é água.

Ele disse que as catástrofes naturais relacionadas com a água estão ocorrendo mais frequentemente e se tornando cada vez mais perigosas em todos os lugares. Dessa forma, disse, “a água é realmente uma questão de vida e morte” e “deve ser uma prioridade absoluta em tudo o que fazemos”.

O presidente do Grupo do Banco Mundial, Jim Yong Kim, enfatizou que os chefes de Estado e de governo formaram o painel “porque o mundo não pode mais se dar ao luxo de ter a água como garantia”.

“Os ecossistemas em que a própria vida se baseia – nossa segurança alimentar, sustentabilidade energética, saúde pública, empregos, cidades – estão em risco devido à forma como a água é gerenciada hoje”, alertou.

O painel, criado em 2016 por um período inicial de dois anos, está defendendo políticas baseadas em evidências e abordagens inovadoras nos níveis global, nacional e local para tornar o gerenciamento da água, bem como os serviços de água e saneamento, atraentes para investimento e mais resilientes a desastres.

O painel solicita políticas que permitam pelo menos uma duplicação do investimento em infraestrutura da água nos próximos cinco anos.

O relatório também destaca a necessidade essencial de parcerias entre governos, comunidades, setor privado e pesquisadores.

Em uma carta aberta, eles concluem: “Quem quer que seja, seja lá o que fizer, onde quer que você esteja, todos nós temos uma responsabilidade compartilhada para mudar o futuro da água. Faça cada gota contar. É hora de agir”.

Acesse aqui o relatório do painel na íntegra.

Saiba mais sobre o Painel de Alto Nível sobre Água em https://sustainabledevelopment.un.org/HLPWater.


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