quarta-feira, 5 de julho de 2017

A Instrumentalização da Natureza e o Desenvolvimento Sustentável

A INSTRUMENTALIZAÇÃO DA NATUREZA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Bruna dos Santos Bolda

De acordo com Max Weber, a sociedade ocidental moderna vem passando por um processo de racionalização. Esse processo diz respeito à generalização da ação social com relação à fins, entre outros tipos de ação social. Isso é, os agentes sociais conferem significado, subjetivamente, às suas ações levando em consideração o comportamento de outros agentes e objetivando um alcançar fins específico.  Há autores, como Habermas, que afirmam que a ação que movimenta a sociedade moderna não só objetiva fins específicos, mas também usa de determinados meios para alcançar esses fins. Essa forma de engendrar a ação é o que se chama de racionalidade instrumental. 

Essa racionalidade está intimamente ligada ao uso desenfreado da natureza e à exploração massiva dos seres vivos não humanos. Isso porque a racionalidade instrumental possui duplo aspecto: (1) resume a ação à estratégia e ao utilitarismo e (2) desmistifica as relações sociais e valorativas. Nesse contexto, a natureza é “coisificada” e se torna um meio/uma coisa/um instrumento para alcançar objetivos.  Vale ressaltar que o Estado e as grandes empresas desempenham influência considerável sobre a concepção valorativa dos indivíduos. Esses atores normatizam/legalizam praticas instrumentais para com a natureza – como, por exemplo, a criação e abate em larga escala de bois e porcos na Região Oeste de Santa Catarina. 

Nesse contexto, o Desenvolvimento Sustentável é uma proposta de ressignificação da racionalidade instrumental. Ele procura equilibrar o uso dos recursos na Terra a fim de que a atual e as futuras gerações supram, suficientemente, suas necessidades. Esse conceito [Desenvolvimento Sustentável] foi construído após a década de 1960 no ensejo de propor um modelo de desenvolvimento alternativo ao modelo então hegemônico. Três eventos internacionais são considerados marcos dessa discussão: a Conferência das Nações Unidas em Estocolmo (1972), o Relatório Brundtland (1987) e a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro (1992). 

A noção de Desenvolvimento Sustentável supracitada é uma forma de subverter a lógica do desenvolvimento comum por meio de ações sociais re-orientadas ou re-significadas individual e socialmente. Pragmaticamente, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – programa do qual o Brasil faz parte – indicam algumas possibilidades de caminhos e de ação. 


REFERÊNCIAS

HABERMAS, Jürgen. Teoria do agir comunicativo. São Paulo: Martins Fontes, 2012. 

HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. São Paulo: Centauro, 2003.

SELL, Carlos Eduardo. Racionalidade e Racionalização em Max Weber. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27, p. 153-233, nº 79, junho de 2012.

______. Max Weber e a racionalização da vida. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2015.

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