quarta-feira, 8 de março de 2017

"O Lugar da Mulher na Cidade" - Com a palavra Daniela Sarmento, mestranda em Desenvolvimento Regional.

Daniela Sarmento

Uma pesquisa de campo, ainda no início do mestrado em Desenvolvimento Regional, revirou os olhos e as ideias da arquiteta e urbanista Daniela Sarmento, 41 anos. A visão de uma mulher levando um filho pela mão, outro no colo, equilibrando sacolas e impedida de se proteger da chuva enquanto seguia pela estrada de barro a fez pensar no lugar da mulher na cidade. Aquela desconhecida é para ela, até hoje, símbolo de que o espaço urbano não é amistoso, mesmo que elas não percebam. 

O choque que a visão causou se desdobrou na dissertação de Daniela, voltada para o urbanismo com perspectiva de gênero.

A ideia foi ouvir das próprias mulheres como elas veem a cidade onde vivem e quais as dificuldades que a falta de planejamento proporciona.
– Vivemos em função da produção, mas existem também as tarefas da reprodução, que é responsabilidade pelo alimento, educação, cuidado da família. São atividades que não estão ligadas à produção, e é aí que percebemos que a cidade está voltada apenas para isso. Quando se coloca a perspectiva da mulher estamos olhando um espectro muito maior de pessoas – explica.

Ela conta que o início não foi fácil porque as mulheres que participaram da pesquisa proposta tinham dificuldade de entender o debate, afinal o tema é amplo e a cidade – de certa forma – funciona para elas. Mas enquanto a conversa acontecia a arquiteta percebeu o quanto as mulheres conseguiam identificar as dificuldades que enfrentam no dia a dia: o ônibus que demora, o médico que falta, a calçada onde o carrinho de bebê não passa, a praça sem banheiro público que impede a socialização de idosos ou de mães e filhos. Perceber o quanto a estrutura falha nas necessidades de uma parcela tão significativa da população – 157.469 cidadãs em Blumenau, segundo o IBGE – despertou uma nova consciência de cidadania:

– No final das rodas de conversa foi quase unânime falar sobre a necessidade de participação das mulheres e problematizar por que isso não acontece, que tem uma ligação direta com a sobrecarga de responsabilidade da mulher com os papéis de produção, reprodução, cuidados da casa. Em que momento ela vai se dedicar à comunidade, à representação?

Daniela ressalta que o caminho é longo e as mulheres ainda tem importantes batalhas pela frente – acabar com a violência de gênero – mas, para ela, é importante que as discussões estejam acontecendo e que, de alguma forma, a mulher perceba sua importância na construção do futuro de uma cidade, de fato, evoluída



Veja a íntegra desta bela matéria no ESPECIAL DIA DA MULHER, publicado no Jornal de Santa Catarina de 08 de março de 2017. Neste especial, com outros depoimentos importantes, os textos são de Aline Camargo e Pamyle Brugnago, a Edição é de Cleisi Soares, a Fotografia é de Patrick Rodrigues e o Projeto Gráfico é de  Larissa Rafaella.


Basta ir direto no link: https://santa.atavist.com/especial-dia-da-mulher



Obs: A dissertação de Daniela Sarmento está sendo orientada pelo Prof. Dr. Leonardo Brandão.

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